domingo, 13 de agosto de 2017

Insatisfação com aparência da vagina cresce entre as mulheres


 Você já pensou sobre a aparência da sua vagina
 em um nível além da depilação? Se sim, saiba 
que não está sozinha: muitas mulheres não só 
pensam no assunto, como também estão 
buscando formas de reparar alguns incômodos 
na área íntima. De acordo com a Sociedade 
Brasileira de Cirurgia Plástica, em 2016, 25.031 
mulheres realizaram a famosa cirurgia plástica 
vaginal. Segundo a Sociedade Internacional de 
Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) o Brasil é líder
 nessa cirurgia, realizando quase o 
dobro de procedimentos do que os Estados 
Unidos, país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo.
Os procedimentos mais buscados nas clínicas de 
cirurgia plástica são a lipoaspiração do monte de 
vênus e a ninfoplastia, ou seja, redução dos 
pequenos lábios. Além disso, já existem também algumas formas menos invasivas de "mudar o
 visual" dessa região. Recentemente, uma marca 
da Escandinávia criou um iluminador, como 
aqueles que você usa na maquiagem, só que para
 a vagina. Também já é possível encontrar o glitter
em cápsulas para ser usado na vagina: durante o 
sexo ele estoura e espalha um líquido com as 
partículas brilhantes (e sabor de bala, dizem os fabricantes) pela área íntima.
Aqui no Brasil, um tratamento estético que tem se popularizado entre as mulheres é o peeling de clareamento da área íntima. Esse procedimento, 
que pode ser feito na virilha, na parte externa dos grandes lábios e no monte de vênus, é buscado por mulheres que querem um aspecto mais 
homogêneo na pele dessa região. "Todas querem
 deixar com aspecto de 'mulher mais nova'", conta 
a dermatologista Livia Pino, que realiza esse 
tratamento no Rio de Janeiro.
© Fornecido por Minha Vida
Porém, muitas vezes a expectativa da mulher está desalinhada com as suas características naturais. 
"Antes de realizar qualquer procedimento estético, 
ter uma conversa com o paciente é fundamental 
para entende-lo. Uma das contraindicações 
relativas de procedimentos estéticos é a 
expectativa fora da realidade", destaca Livia.
Padrão de beleza da vagina
 Os profissionais que realizam os mais diversos tratamentos estéticos na área íntima sempre 
acabam encontrando um tipo de paciente em 
comum: aquela mulher que busca um padrão ou 
uma aparência específica. "A mulher geralmente 
quer um padrão X ou Y e você acaba demorando 
um tempo a mais para faze-la entender que seu 
corpo tem um desenho e uma história próprios, 
que devem ser respeitados", ressalta a cirurgiã 
plástica Ivanoska Filgueira.
Em geral, as principais indicações de cirurgia, de 
acordo com a ginecologista Dra Milca Chade, são: 
"Para correção da hipertrofia dos lábios vaginais 
(lábios vaginais grandes), que podem causar 
corrimento e também desconforto na relação; 
atrofia vaginal ('secura da menopausa'), que pode 
alterar a qualidade de vida da mulher e também 
causar dificuldade na relação sexual por falta de lubrificação; correção de cicatriz, um fator que 
pode causar dor, desconforto na relação sexual e prejudicar a autoestima da mulher; e o HPV, que 
pode ser tratado com o uso do laser vaginal".
Quando não existe um problema desse tipo, que influencie o dia a dia e o bem-estar da mulher, é
 hora de pensar em outros motivos para o 
surgimento dessa insatisfação. "A insegurança leva
 à baixa autoestima e isso traz uma busca por 
mudanças que podem nunca trazer uma satisfação 
real. Esse sentimento pode surgir por diversos 
fatores, inclusive pelos modelos idealizados de 
corpos que surgem na mídia, tanto impressa, 
quanto digital", conta a sexóloga e psicóloga especializada em sexualidade humana Priscila 
Junqueira.
 Essa insatisfação com a área íntima também 
pode interferir diretamente na sexualidade da 
mulher, causando preocupação, insegurança e 
afetando até no seu desejo e desempenho sexual. Priscila completa dizendo que é adequado a
 busca 
de ajuda profissional para entender qual o 
significado dessa cirurgia para a mulher. 
Insegurança com o corpo começa cedo
Em uma reportagem da BBC britânica, foi divulgado que, de acordo com registros do Sistema Nacional de 
Saúde do Reino Unido, entre 2015 e 2016, 150 
meninas com menos de 15 anos realizaram a 
cirurgia na área íntima e a mais nova desse grupo 
tinha apenas nove anos. "Estou vendo meninas 
novas, de 11, 12 e 13 anos, pensando que algo 
está errado com sua vulva - que elas têm formato
 errado, tamanho errado e quase expressando repugnância. Sua percepção é que de que os
 lábios internos devem ser invisíveis, quase como
 numa Barbie, mas a realidade é que há uma
 variação gigante (entre as mulheres). É muito 
normal que os lábios se sobressaiam", contou a 
clínica 
geral britânica Paquita de Zulueta à BBC.
Aqui no Brasil não são divulgados os dados das 
idades de quem realiza essa cirurgia, mas é 
possível realizar a partir dos 16 anos.
 "A adolescência é uma fase de muitas 
transformações e questionamentos e essas 
questões podem trazer mais insegurança diante
 de adolescentes que queiram pertencer a 
determinado grupo ou até mesmo ser aceitas por futuros parceiros e parceiras", diz a psicóloga. Por 
isso, antes de qualquer decisão, é primordial 
consultar um profissional para entender de fato 
qual a origem desse descontentamento em 
relação à própria imagem.
 


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