quarta-feira, 19 de julho de 2017

"TOMA LÁ DÁ CÁ"

A história nos mostra que o  uso da máquina pública para garantir a vitória do partido do governo no Brasil vem desde o tempo do Império, isso sem falar da fraude e da violência. A distribuição de cargos, a substituição de juízes, o aumento de salários de servidores e a nomeação de novos presidentes de província - aos quais cabia comandar, com mão de ferro, o processo eleitoral - foram rituais repetidos nas 18 eleições ocorridas durante todo o Segundo Reinado (1840-1889).
Já naquela época o "toma lá dá cá" fazia parte da cultura política e não havia quem pudesse vencer uma eleição sem  fazer uso desta prática, que persiste de forma visível até os dias atuais.
O "toma lá dá cá" no  Brasil é praticado de forma plural e que nem a reflexão da luz, mas em  2014 o inusitado acontece. Parte do que existia de fato mas não existia de direito é  transformado em Lei através do Decreto 8.367/14, em especial seu artigo que diz o  seguinte: ficam liberados cerca de R$ 10 bilhões para emendas parlamentares, desde que  haja a aprovação do Projeto de Lei 36/14. Caso não aprovado, será feita nova proposta para o uso desse dinheiro. Por outras palavras: ou os parlamentarem aprovam o referido Projeto de Lei (PLN) ou a verba que inseriram no orçamento para fazer frente à suas políticas locais não será liberada.

 Durante a Constituinte 87/88 o deputado federal paulista Roberto Cardoso Alves, um dos lideres  do Centrão, que buscava se contrapor às teses dos movimentos de esquerda, fez uso do  "toma lá dá cá" disfarçado de oração de São Francisco onde  dizia:  “é dando que  se recebe". A bem da verdade, isso não acontece só no Brasil, mas aqui no pais do carnaval das mulatas e do futebol acontece de forma exagerada e visível
Nos dias atuais o professor de Direito Constitucional e presidente do Brasil, motivado pelo o grau de desconfiança recíproca que está presente nas bases do governo, a chama de “base aliada” e, com o temor de um “fogo amigo” , tem praticado o "toma lá dá cá" sem medo e nem pudor de tal monta que não disfarça seu desespero e apego pelo o cargo de presidente da republica. 
Em Rondônia, o senador Valdir Raupp, sabedor que mesmo denunciado na Operação Lava Jato, não terá nenhum impedimento legal para disputar sua reeleição e, em benefício próprio, claro, mas de forma positiva para o estado e, tendo ainda como poder de barganha o voto da deputada Marinha Raupp, está fazendo uso do  "toma lá dá cá", com  toda sabedoria que lhe é peculiar.
Não voto mais no senador Raupp, mas tenho que reconhecer  que 80% ou até mais de todos os recursos liberados para Rondônia nos últimos anos tem a sua rubrica e a rubrica da deputada marinha Raupp. Acho que fez pouco por Rolim de Moura, com certeza  poderia ter feito bem mais. Como acho ainda que tanto Expedito Júnior como o senador Ivo Cassol poderiam terem feito bem mais e não fizeram. 

Nenhum comentário: