domingo, 20 de abril de 2014

Mário de Sá-Carneiro

Aquele outro -  

O dúbio mascarado, o mentiroso
Afinal, que passou na vida incógnito;
O Rei-lua postiço, o falso atónito;
Bem no fundo, o cobarde rigoroso...
Em vez de Pajem, bobo presunçoso.
Sua alma de neve, asco dum vómito...
Seu ânimo, cantado como indómito,
Um lacaio invertido e pressuroso...
O sem nervos nem ânsia, o papa-açorda...
(Seu coração talvez movido a corda...)
Apesar de seus berros ao Ideal.
O corrido, o raimoso, o desleal,
O balofo arrotando Império astral,
O mago sem condão, o Esfinge gorda...

Mário de Sá-Carneiro (Lisboa, 19 de maio de 1890 - Paris, 26 de abril de 1916) - Foi um poeta português. Foi um dos principais poetas pertencentes ao modernismo português, a chamada Geração D'Orhpeu. Começou a escrever muito cedo quando já mostrava um gênio impressionante. Foi para Coimbra estudar aos quinze anos e lá conheceu a figura mais importante na sua curta carreira literária, Fernando Pessoa. Com ele manteve intensa correspondência, enviando poemas e tratando de questões pessoais, muitas vezes, de uma forte angústia que o tomava, que, mais tarde, o levou a suicidar-se em um hotel em Paris. Mário de Sá-Carneiro, um grande poeta português.

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